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Monday, January 22, 2007

Até sempre. Até depois...





"De repente dou-me conta que o silêncio da noite, vai dando lugar, lentamente, aos sons inconfundíveis da madrugada. Fiquei presa nas minhas memórias, nas lembranças de ti.
Vieram até mim cheiros, risos, palavras ditas com paixão, abraços dados com carinho. Senti o gosto dos últimos beijos, o calor da tua mão sobre a minha pele, a paixão da última vez que nos amámos.
Durante um tempo que não olhei no relógio, fiquei suspensa das emoções que me fizeste sentir. Fiquei quieta nos sentimentos que trouxeste ao meu coração, de amor e raiva. O amor que me ensinaste a sentir, arrebatado, apaixonado, único. Permanecerá para sempre, é eterno, indestrutível.
A raiva, essa, permanece de mão dada com a decepção, pelo que me deixaste acreditar, um dia depois do outro, as promessas em palavras vãs e falsas e, pelas mentiras com que o fizeste durante tanto tempo.
Olho a rua e sigo os sons que despertam do silêncio sonolento, vejo os primeiros pássaros, que ficaram para o inverno, fazer os primeiros vôos do dia e, sinto inveja de não poder voar com eles. Estou presa, sem asas. Vejo os primeiros carros, as primeiras pessoas que saiem de casa, ainda no meio escuro, em passo apressado para espantar o frio, sem repararem em nada a não ser, no caminho que percorrem.
Olho a alvorada que me dá o bom dia e pergunta porque não dormi. Uma vez mais respondo-lhe que estava à sua espera, que esperava o novo dia que vem com ela. Sorriu e comentou que não era a primeira vez que me encontrava esperando à janela, que numa volta e outra, esperava ver-me a dormir. Sorri então, sem grande alento, apenas para não parecer tão triste. Disse-lhe que a aguardava mais uma vez, para vê-la chegar trazendo um dia por viver. Que precisava afastar o fantasma da tua presença, deixá-lo ir para sempre com o fim da noite.Olhei-a mais uma vez e disse-lhe que, com a sua chegada se tinha feito luz. Não só no horizonte que os meus olhos viam clarear-se aos poucos mas, também, na minha alma que de repente voltou e aceitou a luz que queria há tanto entrar.
Olhei-te mais uma vez, beijei-te a última vez, abracei-te até me
doerem os braços.
Depois, devagar, voltei-te as costas. Comecei a afastar-me.
E, ao contrário do que sempre fazia, hoje não olhei para trás e disse-te baixinho: - "Até sempre..."

Thursday, January 18, 2007

Despedida...



DESPEDIDA

Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão,
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão.

Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? – me perguntarão.
– Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.

Que procuras? – Tudo. Que desejas? – Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.

A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?

Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra...)
Quero solidão.


CECÍLIA MEIRELLES

... um dia alguém me ensinou que é na solidão que se curam as dôres do coração. Um dia alguém me disse que, para sarar as feridas da alma é preciso afastamento. Um dia alguém me fez precisar de fazer tudo isso e, pensei que esse dia não chegasse nunca pois, a alma e o coração demoram uma eternidade para curar...

Tuesday, January 16, 2007

Os Cisnes




Os Cisnes

A vida, manso lago azul, algumas
vezes, algumas vezes mar fremente,
tem sido, para nós, constantemente,
um lago azul, sem ondas, sem espumas.

Sobre ele, quando, desfazendo as brumas
matinais, rompe um sol vermelho e quente,
nós dois vagamos, indolentemente,
como dois cisnes de alvacentas plumas.

Um dia, um cisne morrerá, por certo:
Quando chegar esse momento incerto,
no lago, onde talvez a água se tisne,

Que o cisne vivo, cheio de saudade,
nunca mais cante, nem sozinho nade,
nem nade nunca ao lado de outro cisne!...


JÚLIO SALUSSE



... é lindo demais, sentido na alma e dito com um suspiro de coração

Tuesday, January 09, 2007

Ansência

AUSÊNCIA

Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua

Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.



Sophia de Mello Breyner Andresen


Wednesday, January 03, 2007

The Cat




The cat on a tree

From my window I see her naked
I wonder if it is cold as it seems to be
I stay a while looking around
Thing on the sunny days under the tree
I decided to step out
Look aroud and feel the icy breeze
The winter is here
No leaves on the branches
No birds singing on the trees.
No flowers around and no buzzing bees.
I climbed up and up high
I stood on my branch
Loking up to the sky
And waiting for the stars to shine
"What happens once they are there?"
But only the Moon
The first January's full
So beautiful and bright
I mewwwoued her a serenade
She smiled and I stood there
On my naked tree branch
Under her white shinning light.
And I thought:
"Oh, what a grand and glorious thing
it is to be a cat!"



... for my sweet female cats: Pinta, Nina, Ísis e Pispauta